O velho

O velho estava sentado a porta da igreja, e eu, do outro lado da rua sentada no banco, coloquei pela primeira vez o meu olhar naquele ser. A primeira vez olhei por acaso, a segunda já foi com alguma intenção, a partir daí meu olho se prendeu naquela imagem.

Eu estava ali no banco. Sim, é verdade estava.

Aquele ser...

Aquele ser que estava a minha frente, estava sozinho, e eu não sei se quer, se ,se tinha a si prórpio.

Um ar infeliz, perdido.

Morinbundo mais vivamente ardente, ainda havia um toque de esperança.

Que teria aconteçido aquele velho, aquele senhor?

Olho pra ele...

Ele que já teria sido elegante, forte, determinado, decidido e dono de si.

Agora, ali sentado, sem nada, como qualquer um daqueles mendigos, por quem passamos todos os dias e nem se quer olhamos, tavez por que nos enojam, metem medo, ou até, por que tememos ceder à pena que nos invade.

Mas aquele...

Aquele ali, sentado de forma tão característica, não é um mendingo como os outros, aquele é mendingo de alma. Pede com os olhos que o estiquem a mão, não é a carteira, é a mão.

Ele perdeu-se, ficou cego e já não sabe mais o caminho. Sentada no meu banco, enquanto o tempo congelou o meu relógio, deixo a minha alma analizar a alma vizinha.

Continuo a repara-lo!

Reparo na sua roupa...

A Sombra!

Não, não são as roupas sujas ou rasgadas. São limpas apenas gastas pelo tempo, gastas. É assim que aquele ser se encontra

Gasto!

Gasto pelo tempo, pela tristeza, pela solidão, gasto por aquilo que não aproveitou.

Era gasto que ele estava, gasto e só...

O velho agora começava a direcionar o olhar para mim, me olhou com olhos de quem pede, eu não desviei o meu olhar, ele sorriu e eu o retribui.

O meu sorriso era de solidariedade, ternura?

Não sei bem.

Apenas sorri com vontade!