terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Reaprendendo a viver!



- Eu tenho o mundo e você tem alguém.
- O que vale mais?
- Por vezes ter a razão machuca mais do que a tentativa. – olhou para o céu.
- Não me respondeste, senhor. O que vale mais? O mundo ou alguém?
- Não entendeste, caro pássaro. Dissesse eu que o mundo ou quisera eu que alguém e me condenaria a ter a razão em toda minha eternidade.
- E o que preferes ter?
- Do que me importa preferir, se no final, não possuo eu nada? Nem o mundo, nem alguém. Mal posso acreditar que tenho a mim mesmo!
- Contradizes-se demais. Segundos atrás afirmara ter o mundo e agora me diz estar largado?
- Achas que o mundo é algo? O nada é feito do infinito daquilo que tentou existir e não conseguiu. Cá estamos nós, tentando existir também. Confesso-te, no entanto, – e abaixou a voz – que duvido que estejamos conseguindo.

Aguçara os ouvidos para entender a última parte e sua face fechou-se em confusão:

- Não entendo onde queres chegar.

- Garanta-me você de que não vivemos uma grande ilusão. Prove-me tua existência, que não somos um sonho coletivo.
- E se formos?
- Qual a diferença entre o vazio e o não preenchido?
- … – calou-se.
- Do que adianta ter o mundo ou ter alguém, se tudo é feito da mesma matéria: ilusão?
- E se estiveres enganado?
- Chorarei de felicidade, pois possui, ao criar tais idéias, o meu próprio mundo. O mundo dos meus sonhos. E serei um tanto quanto Você.